
Mil novecentos e sessenta e oito. Os autofalantes da jovem guarda bombavam ao som de “Ciúme de você” na voz de Roberto Carlos, Caetano Veloso e outros tropicalistas abusavam de instrumentos estranhos e faziam soar suas guitarras elétricas a todo vapor, enquanto do outro lado do Atlântico os Beatles lançavam seu aclamado “álbum branco”.
Driblando o senso comum e principalmente sua gravadora, que o relegava ao posto de “apenas um galã”, Ronnie Von lançou naquele ano uma das maiores pérolas da música brasileira, decretando sua fase psicodélica e contribuindo para a história com um trabalho considerado por muitos a sua obra-prima.
Hoje, quase 40 anos depois, 30 bandas novas – muitas delas independentes – revisitam a discografia do cantor, atualmente apresentador de um programa de tevê, em uma homenagem disponível para download gratuito na internet. “Tudo de novo – Tributo ao Ronnie Von” reúne grupos do Brasil inteiro tocando versões, divididas em dois álbuns. O primeiro reconstrói faixas do disco de 1968, marco da “fase psicodélica” de Ronnie Von. O segundo inclui canções gravadas entre 1966 e 1972. Todas as músicas estão no site www.ronnievon.com
“O disco de 1968 foi um trabalho totalmente inovador para a época, uma ousadia tremenda para um artista que a gravadora insistia em relegar a um mero galã. Ele estava tão à frente de seu tempo que só agora, quase 40 anos depois, estamos finalmente reconhecendo o seu valor”, diz a jornalista Flávia Durante, idealizadora do projeto. “Recentemente a revista ‘Playboy’ citou o álbum como um dos dez mais importantes de todos os tempos já produzidos no Brasil.”
O produtor e compositor Arnaldo Saccomani diz que a idéia de fazer algo diferente da jovem guarda acabou ficando mais diferente do que até mesmo ele e Ronnie Von imaginavam. “A gravadora sentiu um choque na hora em que ouviu o trabalho pronto. Mas entendeu a proposta de um grande ídolo que queria ser ousado e contemporâneo. O tempo mostrou que estávamos certos”, relata, em depoimento que acompanha o tributo.
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